Você já se imaginou na pele de um soldado de guerra? Ou já pensou na experiência de nascer cego? Se colocar no lugar de outra pessoa e ver as coisas a partir da perspectiva ela é o que podemos chamar de empatia. O filósofo Roman Krznaric, um dos maiores especialistas internacionais no assunto, lançou neste mês seu projeto A Biblioteca da Empatia (Empathy Library) baseado na crença de que a empatia é capaz de mudar as nossas vidas e a sociedade em que habitamos. O site é em inglês, porém Krznaric afirma que 20% dos acessos vem do Brasil.

“Empatia é uma das competências-chave para a vida do século 21. Está no coração da inteligência emocional e é uma habilidade essencial para o trabalho em equipe e de liderança”, afirma o especialista, e completa: “de um lado, a empatia é um antidoto à individualização, característica que herdamos do século 20 e que ainda está enraizada em nós. E do outro, é uma ferramenta política, porque a empatia pode fazer acontecer uma revolução, não uma revolução de novas instituições, leis e políticas, mas uma muito mais radical, revolução nas relações humanas”.

O objetivo da Biblioteca da Empatia é estimular a imaginação das pessoas fazendo com que elas consigam viver vidas que são diferentes das suas. Entre o acervo econtra-se livros de

ficção, não-ficção, e infantis, filmes, curtas e documentários. E todos eles possuem o poder de aprofundar a empatia. São histórias que fazem os leitores e espectadores enxergarem a vida pelo ponto de vista dos personagens, vivenciando culturas e vidas diferentes.

“Há hoje uma enorme quantidade pesquisas de neurociência e psicologia mostrando que podemos aprender e desenvolver empatia e que ler livros e assistir filmes é uma ótima maneira de fazer isso”, fala Krznaric, que é um dos fundadores da The School of Life, ou escola da vida em português, uma instituição que dá aulas, realiza oficinas e cria materiais sobre assuntos relacionados a amor, família, trabalho, política e diversão, que aportou ano passado no Brasil.

O acervo online não contém as obras, é um fichamento com informações sobre elas.

N biblioteca é possível acessar o ranking dos livros e filmes mais populares, além de buscá-los por tema (como amor, guerra ou religião), ou mesmo por autores e diretores. Os membros da Biblioteca da Empatia podem adicionar obras que os fizeram se identificar com outras pessoas à coleção, e podem comentar e avaliar as já existentes no acervo. É desse jeito que as obras são classificadas e o ranking é formado.

“É um recurso que indivíduos, pais e educadores podem usar para encontrar as mais inspiradoras e poderosas histórias e, com elas, estimular a imaginação para entrarem em outro mundo, aprender com elas e aprimorar a empatia.” afirma o filósofo.

O livro Wonder, de R.J. Palacio, ocupa o primeiro lugar entre os livros que mais geram empatia. A história em torno de um garoto que nunca tinha frequentado uma escola por ter uma síndrome que deforma seu rosto e está prestes a ingressar na quinta série de uma escola particular.

Na primeira posição entre os livros, Segredos e Mentiras, de Mike Leigh conta a história de uma jovem negra, de 27 anos, que vai atrás da mãe biológica após perder a sua mãe adotiva, e se espanta ao saber que ele é branca.

Krznaric espera que grupos de leitura e clubes de filmes ao redor do mundo usem o acervo para promoverem e ensinarem empatia. “Se não nos tornarmos melhores em empatia, acho que não vamos ser capazes de evoluir e resolver os problemas globais, como a desigualdade de riqueza e a crise ecológica. A empatia é o caminho que vai nos levar a uma sociedade mais justa, equilibrada e feliz.”

Confira o vídeo em inglês que mostra a importância da empatia na sociedade moderna.

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