Educação, Inclusão Digital

Quando voltar, faço o que com o gap de aprendizado?

Em muitas cidades, onde os índices de contágio por coronavírus estão declinando e a porcentagem de população vacinada só cresce, as aulas presenciais já estão sendo planejadas para agosto. Mas os relatos sobre as dificuldades da população mais vulnerável, durante a fase em que estiveram apenas na forma remota, ainda preocupam, pois segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), negros e classes baixa são os mais afetados com a evasão do ensino básico. Em algumas instituições de ensino, os professores planejavam atividades e avaliações para os que tinham acesso diário ao digital, para aqueles que têm acesso parcial e para os que raramente têm ou não têm acesso aos conteúdos digitais. Agora vamos pensar em uma volta híbrida, onde as escolas têm a opção de permanecer dessa forma.  

Os modelos de ensino híbrido precisam seguir um plano de ação estratégico, levando em consideração que a acessibilidade das plataformas  digitais é desuniforme. Assim como bem pontuou o OCDE, o acesso de crianças que possuem a classe social mais baixa deixou muito a desejar no último 1 ano e meio, e isso afetou a população negra, em sua maioria. Imagina o déficit dessa parte da população (que não é pequena). 

O que isso implica? Que a instituição tenha conhecimento da situação de cada turma e estudante de forma singular. O contexto de estudos que eles tiveram dentro de um período completamente remoto levou uma turma inteira a ter grandes  diferenças na aprendizagem. Isso tudo torna as condições de retorno presencial muito mais complexas no âmbito pedagógico e social.

O planejamento precisa ser diversificado, assim como seu desenrolar precisa levar olhares individuais em muitos momentos. O diálogo para entender os déficits, propor situações diferentes para cada grupo com níveis de aprendizagem diferentes, que podem ser numa relação professor-aluno ou aluno-aluno. 

O modo híbrido oferece às instituições e aos estudantes um estilo de vida (e de aprendizado) menos engessado, mas sempre é bom lembrar que existe um abismo tecnológico, social e econômico que separam muitos de nossos alunos para que eles possam ter o básico do ensino de qualidade. 

Sendo assim, dependendo da situação de sua escola ou sua região, tenha em mãos essa avaliação em larga escala, esses perfis de déficit e os alunos que poderão (supostamente) auxiliar outros alunos em sala de aula, escolha uma variedade atividades, que se apliquem a quem tem o acesso digital e também para quem não tem. Tornar o ensino mais acessível é responsabilidade nossa.