8 princípios da gamificação produtiva
Usar jogos em virtude da aprendizagem não é algo novo. Porém o uso ampliado de sistemas adaptativos com base em jogos educativos, o aumento do número de aplicativos de aprendizagem para smartphones e tablets e o crescimento da utilização de abordagens pedagógicas baseadas em games faz da gamificação uma tendência de ensino mais importantes desta década.
Para o Teachers College, da Universidade de Colúmbia (EUA), a gamificação é o uso da mecânica e das dinâmicas de jogos, como as recompensas e os rankings de usuários, para melhorar a motivação e aprendizagem em contextos formais e informais de educação.
Deixando para trás a lógica de jogar algo de vez em quando no smartphone ou no tablet para se adotar um horário programado em um sistema adaptativo na escola inteira – como a Quest to Learn, que se organizou em torno dos princípios da gamificação –, é possível que os jogos e a gamificação façam parte da experiência de aprendizagem da maioria dos alunos.
Embora o uso generalizado de jogos digitais educativos e abordagens pedagógicas baseadas em games ainda sejam considerados novos, oito princípios da produtividade da gamificação estão começando a surgir. Confira a seguir:
1. Desafios conceituais
Bons jogos incorporam uma pedagogia rigorosa e desafios interessantes, que promovem uma aprendizagem conceitual mais profunda, em vez de somente instigar a memória do estudante. Eles devem possuir tarefas de aprendizado e não são apenas quizzes e games de pergunta e resposta.
Games eficazes estão alinhados com os currículos, o que torna mais fácil combiná-los com outras formas de ensino e de avaliação. “Uma das coisas que me chama atenção ao ler a Common Core State Standards [base curricular que vem sendo adotada por estados norte-americanos] para a matemática é que o espírito de questionar e de aguçar a curiosidade está de volta”, afirma o desenvolvedor de jogos Nigel Nisbet.
2. Fracasso produtivo
Bons jogos incentivam, dão suporte ao erro e dão feedback instrucional. As crianças aprendem criando e testando hipóteses e recebendo feedback úteis.
3. Calibragem cuidadosa
Sistemas de aprendizagem que se mostram eficazes normalmente identificam e mantêm a chamada zona de desenvolvimento proximal, a distância entre o que o aluno sabe e o que ele pode alcançar. Bons games são bem calibrados: não são tão fáceis a ponto de deixar os alunos entediados, nem tão difíceis que possam frustrá-los.
4. Estímulo à persistência
Dra. Jane McGonigal, autora, pesquisadora e defensora de games educativos observa que a mentalidade de jogo – a possibilidade de falhar e continuar tentando –, aumenta a resiliência, a persistência e, por si só, prepara virtualmente os alunos para lidarem melhor com os desafios do mundo real.
5. Construção da confiança
Elizabeth Corcoran, fundadora da organização Lucere, dedicada a ajudar educadores a encontrar e usar a tecnologia mais apropriada para inspirar seus alunos, defende que um dos principais benefícios da gamificação é que ela ajuda os estudantes a ganhar confiança, conforme eles aprendem como ter uma experiência de aprendizagem vencedora. Bons games também desenvolvem nos estudantes a noção de eficiência.
6. Melhora da motivação intrínseca
A gamificação engaja e motiva estudantes enquanto desenvolve neles a habilidade de resolver problemas e transmite um sentimento de realização graças ao sistema de feedback contínuo e de recompensa. Cristina Ioana Muntean, especialista em aprendizagem on-line, defende que um bom jogo e uma boa estratégia de aprendizado baseada em games não substituem a motivação intrínseca do estudante pela extrínseca. Mas oferece uma combinação das duas [motivações] para um melhor desempenho.
7. Acessibilidade
Em um bom game todos os jogadores têm o mesmo acesso aos recursos e informações e, embora o progresso possa variar, há uma oportunidade contínua para aprender habilidades para o domínio de todas as fases do jogo, argumenta o professor Dave Guymon, que acrescenta: “Como os bons designers de jogos, os professores devem estruturar o ambiente e o processo de aprendizagem para oferecer igualdade de acesso à informação e aos recursos necessários para que os alunos tenham sucesso na aprendizagem”.
8. Aprendizado profundo
“Alguns programas inovadores e adaptativos de aprendizagem baseados em jogos incorporam elementos-chave da avaliação de desempenho”, disse Tim Hudson, da Dreambox. “Estes programas oferecem aos alunos situações novas e desconhecidas que estimulam o pensamento crítico e a resolução de problemas estratégicos para atingir metas desafiadoras e significativas.”
Segundo Mike Flynn, diretor de Programas de Liderança Matemática no Mount Holyoke College, é preciso dar mais espaço para professores e alunos explorarem a matemática. “Ensinar matemática não é mais só memorizar os procedimentos, mas desenvolver ideias e entendimentos matemáticos que beneficiam os alunos para a vida, não apenas para um teste.”
Nossos jogos de entretenimento favoritos são educativos e podemos aprender muito com eles para melhorar os resultados na educação. Se bem estruturados e bem aplicados, games educativos têm o potencial de aumentar a motivação, a persistência e aprofundar o aprendizado dos estudantes.
Matéria original: Getting Smart