Comportamento, Inovação, Tecnologia Educacional

4 formas de fazer o professor querer usar tecnologia

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Com as tecnologias cada vez mais presentes nas escolas de todo o mundo, o que os gestores podem fazer para incentivar e otimizar o uso dessas tecnologias em sala de aula? O portal Porvir conversou com especialistas de diferentes áreas para descobrir. Confira abaixo quatro dicas para estimular o uso efetivo das tecnologias por parte dos educadores:

1. Oferecer recursos pertinentes

São inúmeras as opções de recursos tecnológicos no mercado, tanto gratuitos quanto pagos [apenas o Escola Digital reúne milhares recursos…]. Pode ser difícil escolher qual plataforma adotar, qual game usar para abordar um conteúdo, ainda mais com o aparecimento de coisas novas frequentemente no mercado resolvendo problemas que às vezes o professor nem tem. Por isso, a utilidade do recurso precisa ser clara.

“Oferecer recursos que contribuam para o trabalho do professor em atividades que ele já realiza dentro de sala faz com que ele se sinta mais confortável em um primeiro momento”, afirma Thiago Feijão, empreendedor que criou a plataforma adaptativa QMágico. “O papel do gestor na implementação de novas tecnologias não se restringe a mostrar a direção da inovação, mas trazer as melhores ferramentas que possam se adequar à visão [pedagógica] proposta”, completa.

Para Fernanda Giannini, que trabalha com formação de professores na rede pública de São Paulo na área de tecnologia, é importante que as ferramentas escolhidas potencializem a aula do professor, que traga algo a mais, algo que ele não conseguiria realizar sem esse recurso. “A demanda de fazer uso de uma tecnologia tem que ser o mais pertinente possível. Cabe à direção apresentar ferramentas e mostrar quais são suas possibilidades de uso”, explica.

2. Incentivar que o uso da tecnologia seja um hábito

Estimular que o professor incorpore as tecnologias no dia a dia, em diferentes momentos e situações, deixando sua utilização mais natural, facilita a integração desses recursos com a dinâmica escolar. Quando esse uso acontece dentro e fora da sala de aula, na própria rotina do docente, ele se sentirá mais confortável em fazer uso da tecnologia.

“Adotar tecnologia é como escovar os dentes: no começo custa mudarmos nossos hábitos, mas, com o tempo, o benefício é evidente. Mudar hábitos requer acordo pedagógico, frequência de uso e acompanhamento”, ressalta Feijão sobre a importância da equipe pedagógica estar unida para implementar essas mudanças.A coordenadora pedagógica Adriana Gandin conta que, quando precisa compartilhar alguma informação com os professores do colégio onde trabalha, procura usar ferramentas que gostaria que eles usassem com seus alunos. “Para coletar dados ou enviar um arquivo maior, faço através de formulários do Google Drive ou do Dropbox. Assim, eles já percebem a funcionalidade desses recursos e isso os estimula a levar a ferramenta para a sala de aula.”

“A demanda de fazer uso de uma tecnologia tem que ser o mais pertinente possível. Cabe à direção apresentar ferramentas e mostrar suas possibilidades de uso.”

3. Ter um coordenador tecnológico na escola

Ter na instituição um profissional da direção que faça a ponte entre o corpo docente e os recursos tecnológicos pode facilitar o diálogo e a aproximação das ferramentas disponíveis com a abordagem pedagógica de cada professor.

“Esse profissional não é um professor que leciona nem um técnico da informação. Ele é a ligação entre a tecnologia da informação e o ensino. Ele gera a união de forma confortável e efetiva para o professor e para o aluno. É uma pessoa para pensar isso”, explica Giannini.

4. Investir na formação constante

Antes de ensinar, os professores precisam aprender como usar e se familiarizar com as novas tecnologias. Existem muitas formas de capacitá-los a isso, como cursos, palestras, workshops e seminários. Mas, para Giannini, essa complementação tem que fazer parte da carga horária de trabalho do profissional. “Os professores têm diversas obrigações não remuneradas fora da sala de aula, entre elas reunião de pais e institucionais, por exemplo. Quando a escola propõe a formação como mais uma atividade não remunerada, mesmo que seja para o benefício deles, eles não olham com bons olhos. Mas se a direção tem que estimulá-los a querer se aperfeiçoar, esse estímulo também vem pela remuneração.”

O educador Cesar Nunes ressalta que cabe ao diretor criar um ambiente onde a cultura do pensamento é valorizada e sugere como opção que a direção faça com os docentes uma avaliação formativa, que é um recurso pedagógico usado comumente pelos professores como ferramenta de diagnóstico do processo de ensino aprendizado dos alunos. O objetivo desse tipo de avaliação é que ela seja um instrumento de formação, do qual os alunos fazem parte ativamente. No caso de ser usada entre professores, a avaliação formativa tem o objetivo de ajudá-lo a encontrar a abordagem pedagógica que mais se adeque aos seus alunos.

“O professor precisa passar pelo processo que quer fazer seus alunos passarem. E o diretor precisa recriar esse ambiente usando tecnologia para dar mais confiança e segurança para os docentes. Um ambiente onde eles possam receber aprovação e feedback dessa experimentação.”

Essas formações são fundamentais como processo de reciclagem, para manter o corpo docente atualizado sobre os avanços tecnológicos e novos recursos disponíveis e também para trocar experiências sobre as ferramentas que já estão disponíveis para eles. “A formação continuada dentro da escola é importante, assim os professores podem compartilhar práticas com colegas, promover uma rede colaborativa. A troca entre eles é um processo bastante rico”, afirma Mila Molina, gerente de projetos da Fundação Lemann.

Fonte: Porvir